ENFERMAGEM, CIÊNCIAS E SAÚDE

Gerson de Souza Santos - Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde da Família, Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Ciências da Saúde - Universidade Federal de São Paulo. Atualmente professor do Curso de Medicina do Centro Universitário Ages - Irecê-Ba.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

OS RINS E SUAS FUNÇÕES


OS RINS E SUAS FUNÇÕES

Possuímos dois rins que têm cor vermelho-escura, forma de grão de feijão e medem cerca de 12 cm em uma pessoa adulta. Localizam-se na parte posterior do abdome um de cada lado da coluna, onde estão protegidos pelas ultimas costelas. A função dos rins é filtrar o sangue, dele removendo os resíduos tóxicos produzidos nos tecidos do corpo e também sais e outras substancias que estejam presentes em quantidades excessivas. O excesso de água no corpo e também de sais é eliminado pelos rins em forma de urina. Fica mantido assim, o balanço adequado de líquidos no organismo evitando-se o inchaço. Os rins também produzem hormônios responsáveis pelo controle de pressão arterial e pela produção e liberação de glóbulos vermelhos pela medula óssea, o que evita a anemia. O Sangue chega aos rins através das artérias renais que, no interior dos rins dividem-se em vasos cada vez menores até que formem enovelados de vasos muitos finos que constituem os glomérulos. Em cada rim existem milhões de glomérulos que são os verdadeiros filtros do sangue. Quando o sangue passa através desses pequenos vasos o excesso de líquidos e sais é eliminado e inicia-se a formação de urina que, após atravessar vários tubos e sofrer varias transformações será eliminada para um tubo comum, o ureter e então para a bexiga e uretra. Aproximadamente dois mil litros de sangue passam pelos rins todos os dias, sendo produzidos ao final 1,2 litros de urina por dia. Se os nossos rins tiverem sua função preservada, quanto mais liquido tomarmos, mais urina será produzida.

O fato de os rins falharem, ou seja, não funcionarem adequadamente é chamado pelos médicos de insuficiência renal, ela pode ser :

INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA:

Quando há uma parada súbita e temporária das funções dos rins. As causas são variadas e na maioria das vezes saram completamente, por essa razão diz-se que é temporária. Há enfermidades que comprometem agudamente e em pouco tempo. Entre as causas mais freqüentes em nosso meio e que acometem os adultos são:

  • Pós-operatórios de cirurgia cardíaca, grandes cirurgias, partos e outras;
  • Grandes queimados;
  • Medicamentos;
  • Picada de cobras venenosas, abelhas.

A INSUFICIÊNCIA RENAL TERMINAL ( CRÔNICA ) E SUAS CAUSAS:

As doenças mais comuns que lesam as diferentes estruturas dos rins são as glomerulonefrite, o diabetes, a Hipertensão Arterial (pressão alta ) e as infeções urinárias repetidas, que ocorrem quando há dificuldades de escoamento da urina, presença de cálculos ou cistos Renais. Algumas doenças levam anos ou até mesmo décadas para que seu dano se torne aparente. Quanto mais essas doenças progridem ou se agravam, maiores danos levam aos rins, perturbando suas funções, determinando então, a insuficiência renal.

O QUE SE PODE FAZER PARA EVITAR A INSUFICIÊNCIA RENAL

O melhor modo de se evitar ou retardar a progressão da insuficiência renal é controlar a doença de base, seguindo as recomendações de seu médico quanto ao uso adequado das medicações para o controle da glomerulonefrite ,do diabetes, da pressão alta e das infeções. As dietas e orientações alimentares que lhe forem recomendadas devem ser seguidas a rigor. Não deixe também de comparecer a todas as consultas médicas programadas e realizar os exames solicitados e procure entender melhor a sua doença e o que se pode esperar do seu tratamento. Saiba que, uma vez prejudicadas as funções básicas dos rins de filtrar o sangue, remover as substancias tóxicas, eliminar os excessos de líquidos e produzir hormônios, diferentes sintomas e varias alterações passam a ser observadas no organismo.

A INSUFICIÊNCIA RENAL, SEUS SINTOMAS E COMO LIDAR COM ELES

Uremia

A uréia é uma substancia que provém dos alimentos que contém proteínas como por exemplo os alimentos de origem animal (carne, ovos ), e que devem ser quase totalmente eliminada do organismo através da urina. Quando os rins estão com a sua função de filtração prejudicada, a uréia fica acumulada no sangue, provocando alterações em vários órgãos, estabelecendo a uremia.

COMO EVITAR A UREMIA?

Seu médico, juntamente com uma nutricionista pode orienta-lo quanto a melhor dieta que você deve seguir para que a produção de uréia diminua, mas lembre-se tudo depende do ritmo de progressão da insuficiência renal.

ALTERAÇÕES DIGESTIVAS

Náuseas e vômitos, ou mau hálito com discreto odor de urina é um dos primeiros sintomas da uremia. Outras alterações importantes são a gastrite, as úlceras e as hemorragias digestivas, que se manifestam por dor na região do estômago ou ainda vômitos ou fezes com sangue vivo ou escurecido.

COMO TRATAR AS ALTERAÇÕES DIGESTIVAS?

Comunique ao seu médico todas as alterações que está apresentando. O uso de medicações para controle de vômitos e das dores estomacais pode se fazer necessário, porém, deve ser recomendado apenas por um médico. O sangramento digestivo é motivo para que você procure assistência médica imediata.

ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES

A perda progressiva das funções Renais provoca Hipertensão Arterial ou seu agravamento. O aumento da pressão é percebido como dor de cabeça, dificuldade visual, cansaço, falta de ar e ainda aumenta o risco de infarto e acidentes vasculares.

COMO CONTROLAR AS ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES?

Mais uma vez seu médico deve estar informado sobre a presença desses sintomas. O uso regular dos anti-hipertensivo recomendados, bem com de medicações para combater anemia ou para controle das alterações cardíacas e, ainda o controle da ingestão de líquidos, reduz os sintomas decorrentes das alterações cardiovasculares.

ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS

O acúmulo de substancias tóxicas pode ser sentido como dores de cabeça, insônia ou sonolência excessiva, diminuição da sensibilidade, dores ou formigamento nas mãos e nos pés e cãibras.

COMO CONTROLAR AS ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS?

Esses sintomas ocorrem com a progressão da doença renal, portanto, todas as medidas citadas para o controle da progressão da doença farão com que as alterações neurológicas não aconteçam.

Lembre-se: que o uso de qualquer medicação, até mesmo para combater dor de cabeça, deve apenas ser feito com recomendação médica.

ALTERAÇÕES NA PELE

O prurido (sensação de coceira) é um sintoma bastante comum que se intensifica com a perda progressiva da função renal. Junto podem aparecer manchas arroxeadas e as feridas decorrentes do próprio ato de coçar a pele. Pode ser observada também uma progressiva mudança da coloração normal da pele que se torna cor de palha, em decorrência do acumulo de toxinas associado à anemia que comumente está presente

O QUE FAZER?

Mantenha sua pele limpa e hidratada e as unhas cortadas e limpas. Evite coçar a pele. Informe seu médico se acontecer piora da coceira ou se ela está insuportável, pois o ato de coçar pode ser a porta de entrada para germes que causarão infeções.

ALTERAÇÕES ÓSSEAS

Os rins tem um papel fundamental no metabolismo dos ossos, pois ativam a vitamina D que é a responsável pela absorção do cálcio presente nos alimentos que comemos e que deve ser incorporado aos ossos para mantê-los íntegros e fortes.

Os rins são também responsáveis pela eliminação do excesso de fósforo. O ideal é o equilíbrio das quantidades de cálcio e fósforo no sangue. Porém, com a perda da função renal, a absorção do cálcio nos intestinos é reduzida, diminuindo seu teor no sangue. Ocorre também menor eliminação de fósforo, o que faz com que esse elemento aumente no sangue, havendo um desequilíbrio que resulta na fraqueza dos ossos, manifestada por dores e fraturas.

COMO CUIDAR DE SEUS OSSOS?

Siga rigorosamente a dieta e o uso das medicações recomendadas para controle de problemas ósseos, como as medicações à base de cálcio.

ALTERAÇÕES SANGUÍNEAS

COMO A PERDA DAS FUNÇÕES RENAIS PROVOCA ANEMIA?

Os rins produzem um hormônio, a eritropoetina, que estimula a produção e o amadurecimento das células vermelhas do nosso sangue, chamadas hemácias e a incorporação do ferro dentro das hemácias.

A anemia é conseqüência da falta do estimulo para a produção das hemácias, isto é da falta da eritropoetina. Se há menor número de hemácias ou se elas contém menos ferro que o necessário, fica comprometida a principal função dessas células, o transporte de oxigênio que respiramos para as células de todo corpo e ainda o transporte de volta de gás carbônico que é produzido pelas células e que deve ser expelido para fora do corpo, através do ar que sai pelos pulmões.

A menor ingestão de ferro em razão das dietas restritas em carnes e verduras, e ainda os sangramentos digestivos e a menor absorção de ferro pela própria condição de uremia faz com que a anemia se acentue.

QUAIS OS SINTOMAS DA ANEMIA?

A fraqueza, o cansaço, as palpitações e a dor no peito podem acontecer principalmente, nas situações em que se exige mais do organismo, como por exemplo durante os esforços físicos (caminhada, relação sexual, etc. ), mas dependem da intensidade da anemia.

OUTRAS ALTERAÇÕES IMPORTANTES?

A diminuição da atividade sexual pode ocorrer em razão das alterações hormonais que acompanham a falência renal. É importante que você compreenda que isso faz parte da própria doença e o diálogo com o(a) parceiro(a) traz soluções, alternativas e melhor compreensão de seus problemas.

Lembre-se! Jamais use remédios , chás ou fórmulas para melhorar seu desempenho sexual. Eles, além de não proporcionarem o efeito desejado, podem trazer conseqüências graves para sua saúde.

Uma alteração que também acontece é a da coagulação. Isto significa que são mais comuns os hematomas (manchas roxas) em conseqüência de traumas e sangramentos mais importantes quando há ferimentos ou cortes. Portanto tome cuidado especial, evitando assim, se expor a situações de perigo. É natural a diminuição progressiva da quantidade de urina eliminada por dia, o que se deve pela redução da capacidade de filtração dos rins. A conseqüência imediata é que todo o liquido tomado seja em forma de água, refrigerantes, sucos, sopas ou ainda provenientes de frutas, converta-se em liquido acumulado nos tecidos ou seja, em inchaço (edema), ao invés de converter-se em urina. Portanto, você deve obedecer aos limites de ingestão diária de líquidos recomendados pelo seu médico para que os inchaços não apareçam.

NÃO ESQUEÇA!

Entender sua doença e as suas conseqüências, fará com que você tenha um maior controle sobre suas queixas e maior facilidade de seguir o tratamento.

OPÇÕES DE TRATAMENTO:

HEMODIÁLISE

A hemodiálise é um procedimento que filtra o sangue. Através da hemodiálise são retiradas do sangue substâncias que quando em excesso trazem prejuízos ao corpo, como a uréia, potássio, sódio e água.

COMO FUNCIONA A HEMODIÁLISE?

A hemodiálise é feita com a ajuda de um dialisador (capilar ou filtro). O dialisador é formado por um conjunto de pequenos tubos. Durante a diálise, parte do sangue é retirado, passa através da linha arterial do dialisador onde o sangue é filtrado e retorna ao paciente pela linha venosa.

Atualmente, tem havido um grande progresso em relação à segurança e a eficácia das máquinas de diálise, tornando o tratamento bastante seguro. Existem alarmes que indicam qualquer alteração que ocorra no sistema (detectores de bolhas, alteração de temperatura e do fluxo do sangue, etc.)

Lembre-se: a máquina de diálise é sua aliada. Pergunte ao seu médico ou auxiliares como funciona a máquina onde você dialisa pois quanto maior for o seu conhecimento, maior será sua confiança e melhores os resultados do tratamento.

EM QUANTO TEMPO ACONTECE A HEMODIÁLISE?

Em geral, a hemodiálise é feita três vezes por semana, com duração de quatro horas. Pode existir variações neste tempo de acordo com o tamanho e a idade do paciente. Crianças e adultos de grande porte podem necessitar de um tempo maior.

Aproveite o tempo da sessão de diálise para ler escrever conversar; assistir televisão ou simplesmente dormir um pouquinho.

ALGUNS PROBLEMAS QUE PODEM SURGIR DURANTE A HEMODIÁLISE

É bastante comum sentir cãibras musculares e queda rápida da pressão arterial (hipotensão) durante a sessão de hemodiálise. Estes problemas acontecem, principalmente, em conseqüência das mudanças rápidas no equilíbrio dos líquidos e do sódio. A hipotensão pode fazer com que você sinta fraqueza, tonturas, enjôos ou mesmo vômitos. O início do tratamento dialítico pode ser um pouco mais difícil pois, nesta fase, o corpo está adaptando-se a uma nova forma de tratamento. Você poderá evitar muitas complicações se seguir a dieta recomendada, tomar poucos líquidos e tomar seus remédios nos horários corretos.

Durante a sessão de hemodiálise, o médico ou auxiliares devem ser comunicados caso você não esteja se sentindo bem, para que receba o tratamento necessário rapidamente.

O QUANTO DE DIÁLISE É SUFICIENTE ?

Atualmente, podemos medir a quantidade de diálise e podemos mudar essa quantidade aumentando ou diminuindo o tempo de diálise, o número de sessões semanais, o fluxo do sangue ou o tamanho do dialisador.

Seu médico é quem determina a quantidade de hemodiálise que você precisa, de acordo com o estado de atividade de seu corpo, da sua alimentação e ingestão de líquidos. O objetivo do tratamento é que você esteja sempre se sentindo bem, bem nutrido, livre de inchaços, com a pressão controlada e com os exames de sangue mostrando quantidades aceitáveis de potássio, uréia, etc.

Lembre-se: o uso correto das medicações e dietas recomendadas, ajudam muito no tratamento de hemodiálise.

O QUE É PESO SECO?

Você já deve ter ouvido falar e pode ter sentido os prejuízos de chegar para a sessão de hemodiálise com um peso muito acima de seu peso seco. Mas afinal o que determina o seu peso seco?

O peso seco é o seu peso ideal, com o qual você deve estar sentindo-se bem, sem inchaços, com pressão arterial normal, com exames de avaliação do pulmão e do coração normais. Este peso deve ser atingido ao término de cada sessão de hemodiálise. Quando se ingere muita água ou outros líquidos entre as sessões de hemodiálise, o seu peso pode ficar muito acima do peso seco e, além do inchaço, você pode sofrer intensa falta de ar; antes de chegar o momento de uma nova diálise. Para perder todo o excesso de peso durante a próxima sessão, você estará sujeito a cãibras, queda acentuada da pressão arterial, náuseas, vômitos e mal-estar: Pergunte ao seu médico qual é o peso ideal para você e quantos quilos é permitido ganhar entre cada sessão de hemodiálise.

Você se sentirá bem melhor se seguir à risca as determinações de seu médico quanto ao seu peso ideal.

MEDICAMENTOS E SEU USO NA HEMODIÁLISE

Os pacientes em hemodiálise, muitas vezes, necessitam de medicamentos que requerem cuidados especiais em sua administração.

Os medicamentos para o controle da pressão arterial, chamados anti-hipertensivo, são freqüentemente utilizados e devem ser tomados diariamente, por pacientes com pressão elevada. Porém, alguns pacientes apresentam freqüentemente queda da pressão arterial (hipotensão) durante a hemodiálise, e podem ser dispensados do uso do anti-hipertensivo no dia da sessão de hemodiálise.

Pergunte ao seu médico se você deve ou não tomar o anti-hipertensivo antes da sessão de diálise e siga rigorosamente as orientações recebidas.

Os rins produzem também vários hormônios, incluindo aqueles que:

  • ajudam a regular a pressão arterial (renina),
  • estimulam a produção de glóbulos vermelhos (eritropoetina),
  • controlam o metabolismo ósseo (calcitriol).

A diálise isoladamente não oferece a reposição destes hormônios, motivo pelo qual os pacientes freqüentemente precisam tom injeção com eritropoetina (EPREXâ ou HEMAX®) e comprimidos ou injeções com calcitriol (ROCALTROL®).

O transplante renal, se tiver sucesso restabelece estas funções para seu organismo que daí em diante não precisará mais de diálise, nem de eritropoetina, nem de calcitriol.

Os medicamentos necessários para evitar ou tratar a anemia e que podem ser usados durante ou logo após a sessão de hemodiálise são a eritropoetina e o ferro endovenoso. O ferro endovenoso pode ser usado um pouco antes do término da sessão de hemodiálise, mas a eritropoetina é, em geral, administrada logo após.

Caso seja recomendado o uso destes medicamentos, não tenha pressa para ir embora, espere que os medicamentos sejam administrados.

O QUE É A FÍSTULA ARTÉRIO-VENOSA ?

Um fácil acesso à sua corrente sanguínea é essencial para que o sangue possa circular até o dialisador e para que retorne ao corpo.

A fístula artério-venosa usada para a diálise é uma ligação entre uma artéria e uma veia, feita através de uma pequena cirurgia. A alteração no fluxo do sangue deixa a veia mais larga e com as paredes mais fortes e resistentes, permitindo então um fluxo de sangue rápido e a realização de várias punções, sem que a veia "estoure". Para que a veia da fístula esteja em boas condições de punção, ou como dizemos, para que a fístula amadureça, são necessárias algumas semanas. Por isso, mais recomendado é que se faça esta pequena cirurgia alguns meses antes de se iniciar a hemodiálise, assim quando for necessário, a fístula estará pronta para ser puncionada. Mantenha o braço da fístula bem limpo, lavando sempre com água e sabonete. Isto evita infeções que podem inutilizar a fístula. Qualquer sinal de inchaço e/ou vermelhidão deve ser comunicado imediatamente ao médico ou às enfermeiras. Faça exercícios com a mão e o braço onde está localizada a fístula, isto faz com que os músculos do braço ajudem no amadurecimento da fístula. Evite carregar pesos ou dormir sobre o braço onde está a fístula, pois a pressão sobre ela pode interromper seu fluxo. Não permita as verificações de pressão no braço onde esta localizada a fístula, pois o fluxo de sangue pode ser interrompido.

Não permita a retirada de sangue ou o uso de medicamentos nas veias do braço da fístula, a não ser que seu médico ou auxiliares autorizem. As retiradas de sangue podem criar coágulos no interior do vaso de sangue e interromper seu fluxo e os medicamentos podem irritar as paredes das veias.

Caso aconteçam hematomas (manchas roxas) após uma punção, use compressas de gelo, no dia e água quente nos dias seguintes, conforme a recomendação médica ou da enfermagem.

É sempre bom evitar as punções repetidas em um mesmo local da fístula, para que não se formem cicatrizes que dificultam as próximas punções.

ALGUMAS DICAS PARA SE TER UMA BOA FÍSTULA:

Você pode ajudar as enfermeiras e auxiliares a escolher o local menos doloroso, menos utilizado e frágil para a punção no início da hemodiálise.

Tenha o hábito de palpar seu pulso na região da fístula para sentir o fluxo de sangue passando. Caso perceba que o fluxo está muito fraco, diferente do costumeiro ou que parou completamente, procure auxílio médico imediatamente pois este é um sinal de mal funcionamento ou perda da fístula.

Uma fistula bem cuidada pode durar anos.

QUANDO A FÍSTULA NÃO É POSSÍVEL

O braço é o local mais comum para a confecção da fístula. Quando este local não pode ser usado, as veias da virilha ou da perna podem ser uma alternativa.

O catéter de duplo lúmen permite a retirada e a devolução do sangue, sendo utilizado quando há necessidade de se iniciar o tratamento de hemodiálise mas não houve tempo para a realização da fístula, se ela não amadureceu o suficiente ou ainda se existe algum problema com a fístula.

PRÓS E CONTRAS O TRATAMENTO HEMODIÁLISE

Hemodiálise no Centro

Prós

  • Você tem profissionais treinados a todo momento com você.
  • Você pode conhecer outros pacientes.

Contras

  • Os tratamentos são agendados pelo centro.
  • Você deve ir até o centro para o tratamento.

Hemodiálise em Casa

Prós

  • Você pode fazer na hora que você quiser. (Mas você tem que fazer tão freqüentemente quanto seu médico ordenou.)
  • Você não tem que se deslocar até ao centro.
  • Você ganha uma sensação de independência e controle de seu tratamento.

Contras

  • Pode ser estressante para a sua família participar do tratamento.
  • Você precisa de treinamento.
  • Você precisa de espaço para instalar a máquina e armazenar materiais em casa.

Questões que Você Pode Colocar ao Seu Médico:

  • Hemodiálise é a melhor escolha de tratamento para mim? Por que sim ou por que não?
  • Se eu sou tratado em um centro, eu posso ir para o centro de minha escolha?
  • O que sentimos quando fazenos hemodiálise? Dói?
  • O que é auto-tratamento em diálise?
  • Quanto tempo leva para aprender hemodiálise em casa? Quem treinará meu acompanhante?
  • Que tipo de acesso vascular é melhor para mim?
  • Como um paciente de hemodiálise, eu poderei continuar trabalhando? Eu posso ter tratamentos à noite se eu planejo continuar trabalhando?
  • Quanto posso me exercitar?
  • Quem cuidará de mim no centro? Como eles podem me ajudar?
  • Com quem posso falar sobre sexualidade, problemas familiares, ou problemas financeiros?
  • Como/onde posso falar com outras pessoas que enfrentaram esta decisão?

DIÁLISE PERITONEAL

FINALIDADE

A diálise peritoneal é outro tipo de tratamento que substitui as funções dos rins. O objetivo é o mesmo da hemodiálise, tirar o excesso de água e as substâncias que não são mais aproveitadas pelo corpo e que deveriam ser eliminadas através da urina. Este tipo de diálise aproveita o revestimento interior do abdômen, chamado membrana peritoneal, para filtrar o sangue.

COMO FUNCIONA A DIÁLISE PERITONEAL

A membrana peritoneal tem muitos vasos sanguíneos. O sangue que circula na membrana peritoneal, assim como o sangue de todo o corpo, está com excesso de potássio, uréia e outras substâncias que devem ser eliminadas. Na diálise peritoneal, um liquido especial, chamado solução para diálise, entra no abdômen por meio de um tubo mole (catéter). As substâncias tóxicas passarão, aos poucos, através das paredes dos vasos sanguíneos da membrana peritoneal para a solução de diálise. Depois de algumas horas, a solução é drenada do abdômen e a seguir volta-se a encher o abdômen com uma nova solução de diálise para que o processo de purificação seja repetido. Alguns dias antes da primeira diálise, o catéter que permite a entrada e a salda da solução de diálise da cavidade abdominal é colocado através de uma pequena cirurgia feita por um cirurgião. O catéter fica instalado permanentemente.

Tipos de Diálise Peritoneal

Existem três tipos de diálise peritoneal sobre as quais vamos comentar:

DIÁLISE PREITONIAL AMBULATORIAL CONTINUA ( CAPD ):

A Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua é também conhecida como CAPD ou DPAC é a forma mais comum de diálise peritoneal e especialmente indicada para pacientes idosos, crianças ou aqueles para os quais a hemodiálise não é conveniente ou possível. Este tipo de diálise, não precisa de máquina. Geralmente, é realizada em casa, em um local limpo e bem iluminado.
O próprio paciente pode fazer a infusão e a retirada (drenagem) da solução de diálise no abdômen ou pode ser auxiliado por uma outra pessoa especialmente treinada para fazer estas trocas de bolsas de solução. O sangue durante a CAPD esta sendo depurado o tempo todo.

A solução de diálise vai de uma bolsa de plástico através do catéter até a cavidade abdominal e ali permanece por várias horas. A solução é então drenada e uma nova solução volta a encher o abdômen, recomeçando o processo de depuração.

Lembre-se:
um fator muito importante para o bom resultado desta diálise é o treinamento do paciente ou responsável pela diálise, pois cada momento de troca entre as bolsas de solução de diálise deve ser cuidadosamente executado para que se evitem as infeções.

Quanto tempo é necessário para se fazer a Diálise Peritoneal?

No caso da CAPD, a solução de diálise fica no abdômen durante 4 horas. O processo de drenar o dialisado e substitui-lo por uma solução nova leva de 30 a 40 minutos. A maioria das pessoas troca a solução quatro vezes por dia.

QUAIS AS COMPLICAÇÕES DA DIÁLISE PERITONEAL?

A infeção do peritônio ou peritonite é a principal complicação da diálise peritoneal . Muitas vezes o início da infeção acontece no orifício pelo qual o catéter sai do corpo. Esta infeção se não for tratada rápida e corretamente pode espalhar-se e infectar o peritônio determinando a peritonite.

A peritonite também poderá se desenvolver se houver dificuldades em conectar ou desconectar o catéter das bolsas.

Um dos primeiros sinais de peritonite é a mudança da cor e aspecto do liquido drenado que deve ser claro e fluido , com a peritonite torna-se turvo e espesso. A peritonite poderá também se manifestar por febre, dor no abdômen, mal-estar, enjôos, vômitos e diminuição do apetite.

DICAS PARA EVITAR A PERITONITE:

Siga o procedimento com o máximo de rigor vigie o aparecimento de vermelhidão ou inchaço ao redor do catéter. Observe atentamente o aspecto da solução de diálise drenada.

Saiba reconhecer os primeiros sinais da peritonite.

Lembre-se: ao menor sinal indicativo de peritonite, procure atendimento médico. Não tente fazer o tratamento sozinho pois a infeção pode levar você a uma situação mais grave rapidamente.

Outra complicação comum na diálise peritoneal é a dificuldade para infundir ou drenar o liquido no abdômen, que pode acontecer por entupimento do catéter. Nesta situação, não tente medidas milagrosas para desentupir o catéter, procure o centro de diálise onde você faz acompanhamento para que as medidas necessárias sejam tomadas.

Lembre-se: não deixe de fazer as trocas de bolsas de diálise ou de comparecer ao tratamento de diálise no hospital. Em cada dia, substâncias tóxicas estão sendo acumuladas em seu corpo e devem ser regularmente eliminadas para que você viva bem.

DIÁLISE PERITONEAL CÍCLICA CONTINUA

A Diálise Peritoneal Cíclica Contínua ou CCPD é parecida com a CAPD, porém nesta deve-se conectar o catéter a uma máquina que enche o abdômen e drena a solução de diálise automaticamente.

Este método é geralmente realizado durante a noite, enquanto o paciente dorme, permitindo maior liberdade ao paciente durante o dia.

É um método ainda pouco utilizado no Brasil, pois a máquina deve ser comprada ou alugada pelo paciente para ser usada em casa, o que aumenta muito o custo do tratamento.

DIÁLISE PERITONEAL INTERMITENTE

Também conhecida como DPI, pode empregar o mesmo tipo de máquina usado na CAPD para a infusão e drenagem da solução de diálise.

Normalmente a DPI é feita em hospital, sendo este método uma opção de tratamento para pacientes que não podem realizar outras formas de diálise.

ACOMPANHAMENTO MÉDICO

Todas as formas de diálise necessitam de acompanhamento médico rigoroso.

Apesar de na CAPD o paciente ter mais liberdade, isto não significa que esteja dispensado da avaliação médica periódica e da realização de exames laboratoriais.

Os exames laboratoriais são feitos mensalmente para verificar a quantidade de uréia, potássio, cálcio, fósforo, glicose (açúcar) e ainda para verificar a presença e o grau de anemia, a possibilidade de infeções por bactérias ou vírus, entre outros. Estes exames, feitos em períodos regulares, juntamente com a avaliação do médico, vão mostrar com exatidão o seu estado de saúde e a sua adaptação ao tratamento.

A realização dos exames é importante na avaliação do seu tratamento. Portanto, não deixe de realizar seus exames periódicos.

Os Prós e Contras

Há os prós e contras para cada tipo de diálise peritoneal.

CAPD

Prós

  • Você pode executar o tratamento sozinho.
  • Você pode fazer isso na hora que você escolher.
  • Você pode fazer isto em vários locais.
  • Você não precisa de uma máquina.

Contras

  • Quebra a sua rotina diária.

CCPD

Prós

  • Você pode fazer à noite, geralmente enquanto dorme.

Contras

  • Você precisa de uma máquina e ajuda de uma pessoa.

DPI

Prós

  • O pessoal de enfermagem normalmente executa o tratamento.

Contras

  • Você precisa ir ao hospital.
  • Leva muito tempo.
  • Você precisa de uma máquina.

Questões que Você Pode Colocar ao Seu Médico:

  • A diálise peritoneal é a melhor escolha de tratamento para mim? Por que sim ou por que não? Qual o tipo?
  • Quanto tempo levará para aprender a diálise peritoneal?
  • O que se sente na diálise peritoneal? Dói?
  • Como diálise peritoneal afetará minha pressão arterial?
  • Como eu sei se estou com peritonite? Como a peritonite é tratada?
  • Como um paciente em diálise peritoneal, poderei continuar trabalhando?
  • Quanto eu posso me exercitar?
  • Quem estará na equipe que irá cuidar de mim? Como eles podem me ajudar?
  • Com quem posso falar eu sobre sexualidade, finanças, ou preocupações familiares?
  • Como/onde posso falar com pessoas que enfrentaram esta decisão?

A DIÁLISE É A CURA DEFINITIVA PARA A INSUFICIÊNCIA RENAL?

A hemodiálise e a diálise peritoneal são tratamentos que substituem a função dos rins mas não são a cura da insuficiência renal.

As máquinas cada vez mais modernas e seguras, o maior conhecimento dos médicos e seus auxiliares e a possibilidade de uso de medicações que tratam a anemia e a doença nos ossos, por exemplo, permitem que você viva mais tempo e se sinta melhor.

QUE ATIVIDADES PODEM SER FEITAS?

Uma pessoa em tratamento dialítico, seja hemodiálise ou diálise peritoneal, deve ser capaz de fazer várias coisas da mesma forma que fazia antes de adoecer. Porém, com a idade e outras condições clinicas, as atividades físicas que exigem maiores esforços terão de ser limitadas.

Ficar prostrado, sentir-se desgostoso, em nada ajudará no seu tratamento. Nestes momentos, é importante compartilhar com pessoas da família e amigos, seus sentimentos e dúvidas. Novos amigos podem ser encontrados, no Brasil, existem muitas Associações de Pacientes Renais Crônicos que têm por objetivo ajudar estes pacientes a entender sua doença, melhorar a qualidade do tratamento oferecido e também compartilhar momentos de lazer.

Lembre-se: compartilhar é importante. Pergunte aos seus colegas de diálise se participam de alguma associação e junte-se a eles, ou pergunte à equipe de enfermagem o endereço de Associações de confiança.